Antes tarde do que nunca.
Por que ela não me vê? Por trás destes óculos há um
sujeito honesto. Estas espinhas dizem apenas que sou jovem e que tenho uma vida
inteira para descobrir novas experiências, entretanto, me recuso a viver tudo
sozinho.
Ao compartilhar momentos da vida com alguém: Família,
amigos, paqueras, tronar-se-ia insatisfatório o sabor da felicidade caso ela
não estivesse presente.
Desde o primeiro dia de aula, quando a conheci, até
hoje no último, insisto em amá-la em segredo, porém agora chega. Não há mais
tempo. A aula acabará e preciso fazê-la escutar-me, logo não posso continuar
olhando para o meu reflexo no espelho do banheiro e lamentar algo que nem ao
menos aconteceu...
Tririri! A “campa” soa. Imediatamente saí do banheiro
e chegando à sala pensei no que falar e como dizer o que a mais de um ano não
compartilhava com ninguém. Tenho certeza que todos iriam achar uma grande
besteira, uma ilusão que nunca iria materializar-se.
De costume ela era a última a sair da sala, com
isso, a ansiedade aumentava cada vez mais durante a saída dos alunos. Todos
correndo pelo corredor para viverem suas vidas intensamente sem preocupar-se
com o depois. Jovens hoje e o futuro de amanhã, pequenos revolucionários que um
dia perceberão que o mundo não é tão lindo como um conto de fadas ou como os
filmes de hollywood.
Disseram-me uma vez que ninguém morre virgem, pois a
vida fo* com todos, pode até ser uma vez ou outra; uma rapidinha quem sabe,
entretanto acredito que o responsável pelo sucesso ou fracasso não é a vida ou
o destino e sim as próprias pessoas; tudo depende da fé que elas possuem,
afinal se tiverem uma fé do tamanho de um grão de mostarda, poderão mudar até
montanhas de lugar.
É incrível como existem situações que aparentemente
são decisivas em nossa caminhada terrena. Qualquer atitude tomada poderá
interferir em tudo o que um dia cultivou com tanto carinho e dedicação.
A calma é algo que pode ser difícil de obter em
situações desconfortantes como esta. Desistir? Nunca. Fora de cogitação, apenas
preciso respirar fundo e não gaguejar. Olhar no fundo dos olhos é quase que
impossível, ela diz que não consegue olhar nos meus olhos, talvez seja uma
barreira criada para esconder-se. Do que ela tem medo? Medo de envolver-se?
Medo de entregar-se em uma relação que pode ser aquela que esteve procurando
por toda a vida? Um amor sincero, que nunca fará algo para prejudicá-la.
Se um dia... Se ao menos um dia ela olhasse por trás
destes óculos e percebesse que há um sujeito honesto, um sujeito que pode não
ser a melhor pessoa do mundo ou aquela inteligente, contudo é a mais disposta a
fazê-la feliz.
O que faria se a melhor coisa que lhe aconteceu na
vida demonstrasse ser um abismo, onde só você vai sair perdendo?
Desistiria? Daria as costas e começaria uma nova
vida, de modo que nunca mais teria a glória de viver algo tão lindo e raro?
Como um raio que não cai duas vezes no mesmo lugar. Ou continuaria na guerra,
na batalha mesmo sabendo que tudo e todos estão contra você? O tempo, os
amigos, a realidade em que vive... Tudo. Da mesma forma em que o último samurai
lutando bravamente, insistiu em viver na mesmice. No apocalipse do saber que a
derrota estava por vim.
Avaliando
os fatos. A probabilidade de tudo da certo é de uma em um milhão. Injusto? Que
seja. Pelo menos ainda existe uma chance e ela está chegando aí.
Lembre-se: a felicidade é algo que sempre devemos
buscar, independente a situação.
Enfim, é agora. Frente a frente com ela:
-Professora
W. Preciso falar com você...
Mano-Poeta